A tireoide tem papel fundamental durante a gestação, já que o equilíbrio dos hormônios tireoidianos é essencial para a saúde da mãe e para o desenvolvimento do bebê.
Distúrbios como hipotireoidismo e hipertireoidismo podem causar desde dificuldades para engravidar até riscos de aborto, parto prematuro e alterações no desenvolvimento neurológico do feto.
Como médica endocrinologista, irei explicar neste artigo a relação entre tireoide e gravidez, quais alterações são mais comuns, como identificá-las e os cuidados necessários em cada etapa da gestação.
Tireoide e gravidez: como pode afetar?
Durante a gestação, o funcionamento da tireoide é mais exigido e passa por diversas mudanças fisiológicas.
O aumento da produção de hormônios tireoidianos é necessário para garantir o desenvolvimento cerebral e físico do bebê, principalmente no primeiro trimestre, quando o feto depende inteiramente dos hormônios maternos.
Desequilíbrios, como hipotireoidismo e hipertireoidismo, aumentam os riscos de complicações, como aborto espontâneo, pré-eclâmpsia, parto prematuro e baixo peso ao nascer.
Quando a tireoide é preocupante na gravidez?
O sinal de alerta ocorre em casos de sintomas ou histórico familiar de doenças da tireoide.
Veja os sinais que devem ser avaliados por um médico:
- Fadiga extrema.
- Ganho ou perda de peso inexplicada.
- Palpitações.
- Intolerância ao calor ou frio.
- Alterações de humor.
- Presença de bócio.
O monitoramento dos níveis de TSH e T4 livre durante a gestação é indispensável, especialmente para gestantes com fatores de risco, como idade superior a 30 anos, antecedentes de infertilidade, abortos ou doenças autoimunes.
Como cuidar da tireoide na gravidez?
Enquanto endocrinologista especialista em tratamento de tireoide na gravidez, reforço que o acompanhamento médico e exames periódicos são essenciais para detectar e tratar precocemente alterações tireoidianas.
No hipotireoidismo, a reposição hormonal com levotiroxina é o tratamento mais comum e seguro, com ajustes conforme evolução da gravidez.
Em casos de hipertireoidismo, o uso controlado de medicamentos antitireoidianos e betabloqueadores pode ser necessário, sempre sob orientação médica.
Além disso, a dieta equilibrada, rica em iodo, é fundamental para a saúde da tireoide na gestação.
Principais riscos do hipotireoidismo e hipertireoidismo gestacional
O hipotireoidismo mal controlado está relacionado ao aumento do risco de aborto, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, parto prematuro e déficit cognitivo no bebê.
Por sua vez, o hipertireoidismo pode causar insuficiência cardíaca materna, baixo peso ao nascer e hipertireoidismo neonatal.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado minimizam esses riscos e favorecem uma gestação saudável.
Nódulo e câncer de tireoide na gravidez
Nódulos tireoidianos podem surgir ou crescer durante a gestação, mas a maioria é benigna e exige apenas acompanhamento.
O câncer de tireoide é raro e, geralmente, tem excelente prognóstico. Quando necessário, o tratamento cirúrgico é indicado no segundo trimestre.
A punção aspirativa é segura para o diagnóstico durante a gravidez.
Tireoidite pós-parto
A tireoidite pós-parto afeta até 8% das mulheres no primeiro ano após o nascimento do bebê, com sintomas que alternam entre hipertireoidismo e hipotireoidismo transitórios.
O tratamento varia conforme os sintomas e pode incluir betabloqueadores ou levotiroxina, onde o acompanhamento periódico é importante para evitar complicações futuras.
Iodo e a importância na gestação
O consumo adequado de iodo é fundamental para evitar distúrbios tireoidianos durante a gestação e amamentação.
A suplementação diária de iodo, geralmente presente em polivitamínicos para gestantes, ajuda a prevenir problemas como atraso no desenvolvimento neurológico do bebê e cretinismo.
Conclusão
Os problemas na tireoide na gravidez representam uma condição médica complexa que requer atenção especializada e acompanhamento multidisciplinar.
Como demonstrado ao longo deste artigo, as disfunções tireoidianas durante a gestação podem ter consequências graves tanto para a mãe quanto para o bebê, como complicações obstétricas, comprometimento do desenvolvimento neurológico fetal e problemas no período pós-parto.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para prevenir essas complicações.
O monitoramento regular da função tireoidiana, sobretudo em gestantes com fatores de risco, permite a identificação precoce de disfunções e o início oportuno do tratamento.
É essencial que as gestantes tenham acesso a cuidados especializados em endocrinologia, preferencialmente com profissionais experientes no controle de disfunções tireoidianas durante a gravidez.
O trabalho em equipe entre endocrinologista, obstetra e outros profissionais de saúde é fundamental para garantir o melhor desfecho possível para mãe e bebê.
FAQs
Quais sintomas podem indicar problemas de tireoide na gravidez?
Sintomas como fadiga excessiva, ganho ou perda de peso inexplicada, ansiedade, irritabilidade, palpitações e alterações de temperatura corporal podem indicar distúrbios tireoidianos e devem ser investigados por um médico.
O hipotireoidismo pode afetar o desenvolvimento do bebê?
Sim, se não tratado, pode causar alterações neurológicas e cognitivas, além de aumentar o risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer.
É seguro tratar a tireoide durante a gestação?
Sim, o tratamento correto é seguro e essencial para evitar complicações para mãe e bebê. A reposição de levotiroxina e, se necessário, o uso de antitireoidianos são as opções mais indicadas sob acompanhamento médico.
Devo suplementar iodo durante a gravidez?
Sim, a maioria dos médicos recomenda suplementação de iodo para gestantes, já que a necessidade do mineral aumenta nesse período. O médico irá orientar a dose ideal.
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