Deficiência de iodo: sintomas, causas e tratamento

Em minha experiência clínica como endocrinologista, a deficiência de iodo representa um dos desafios mais subestimados na prática médica atual.

Apesar dos avanços na medicina e das políticas públicas de saúde implementadas ao longo das décadas, ainda observo em meus pacientes as consequências devastadoras da carência desse micronutriente essencial.

Continue a leitura e entenda os riscos, causas e formas de prevenir esse problema nutricional.

O que é deficiência de iodo?

A deficiência de iodo ocorre quando o organismo não recebe quantidade suficiente deste micronutriente para atender às suas necessidades fisiológicas.

É uma condição que ainda afeta milhões de pessoas mundialmente, sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma das principais causas evitáveis de deficiência intelectual.

O problema é particularmente grave porque o iodo não pode ser produzido pelo organismo humano, devendo ser obtido através da alimentação.

Quando a ingestão diária é inferior a 20 mcg, desenvolve-se a deficiência, que pode ter consequências irreversíveis, particularmente em crianças e gestantes.

Causas da carência de iodo

As principais causas estão relacionadas ao baixo consumo de alimentos ricos em iodo, como peixes, mariscos, leite e ovos.

Pessoas que vivem longe do mar ou em áreas com solos pobres em iodo têm um risco maior. O uso de sal não iodado e dietas restritivas também podem contribuir.

Sintomas e consequências

Em adultos, a deficiência de iodo pode causar:

• Bócio (aumento da tireoide).
• Hipotireoidismo.
• Infertilidade.
• Ganho de peso.
• Pele seca.
• Rouquidão.
• Intolerância ao frio.

Gestantes podem ter maior risco de aborto, parto prematuro e bebês com baixo peso ou problemas neurológicos.

Em crianças, os impactos vão desde atraso no desenvolvimento intelectual até surdo-mudez e defeitos congênitos

Diagnóstico

O diagnóstico é feito por exames de sangue que avaliam os níveis de hormônios da tireoide e TSH.

A concentração de iodo urinário é o padrão-ouro para avaliar o estado nutricional de iodo. Valores abaixo de 100 µg/L indicam deficiência.

A presença de bócio e exames de imagem também ajudam na avaliação clínica, especialmente em adultos e recém-nascidos.

Prevenção e tratamento

A principal forma de prevenção é o consumo regular de sal iodado, além de incluir na dieta alimentos de origem marinha e laticínios.

Em casos diagnosticados, a suplementação de iodo ou hormônios tireoidianos pode ser indicada, principalmente para gestantes, lactantes e crianças.

Apenas a título de informação: o Brasil implementou com sucesso a iodação universal do sal desde a década de 1950. Essa medida reduziu drasticamente a prevalência de deficiência de iodo de 20,7% em 1955 para 1,4% em 2000.

Alimentos fontes de iodo

Peixes de água salgada, ostras, mariscos, leite, ovos e vegetais cultivados em solos ricos em iodo são boas opções para manter os níveis adequados do nutriente.

Orientações para o uso do sal iodado

Sempre confira se o sal é iodado na embalagem, armazene em local seco e fresco, evite umidade e calor, e prefira sal com validade longa.

O armazenamento correto preserva a qualidade do iodo no produto.

Conclusão

A deficiência de iodo permanece um desafio significativo na endocrinologia moderna, porém, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem prevenir complicações graves e irreversíveis.

A educação das pessoas sobre a importância do iodo, principalmente durante a gestação, é fundamental para garantir o desenvolvimento saudável das próximas gerações.

Como médica endocrinologista, reforço que a prevenção através do consumo adequado de sal iodado e alimentos ricos em iodo é a estratégia mais eficaz.

Mas é essencial manter o equilíbrio, pois tanto a deficiência quanto o excesso podem causar disfunções tireoidianas.

FAQs

Quais são os sintomas mais comuns da deficiência de iodo?

Os principais sintomas incluem bócio, pele seca, ganho de peso, fadiga, rouquidão, intolerância ao frio e infertilidade.

Deficiência de iodo na gravidez é perigosa?

Sim. Pode causar aborto, parto prematuro, baixo peso ao nascer e alterações no desenvolvimento neurológico do bebê.

Como garantir ingestão adequada de iodo?

Inclua sal iodado e alimentos do mar na dieta, além de leite e ovos de fontes confiáveis.

A deficiência de iodo tem cura?

Sim. O tratamento é feito com suplementação de iodo e, se necessário, hormônios da tireoide sob orientação médica.